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Caros amigos o blog Historiando: debates e ideias visa promover debates em torno de vários domínios de História do mundo em geral e de África e Moçambique em particular. Consta no blog variados documentos históricos como filmes, documentários, extractos de entrevistas e variedades de documentos escritos que permitirá reflectir sobre várias temáticas tendo em conta a temporalidade histórica dos diferentes espaços. O desafio que proponho é despolitizar e descolonizar certas práticas historiográficas de carácter eurocêntrico, moderno e ocidental. Os diferentes conteúdos aqui expostos não constituem dados acabados ou absolutos, eles estão sujeitos a reinterpretação, por isso que os vossos comentários, críticas e sugestões serão considerados com muito carinho. Pode ouvir o blog via ReadSpeaker que consta no início de cada conteúdo postado.

23 janeiro 2013

TRIBUTO - JUSTINO CHEMANE: A CHAMA QUE SE APAGOU HÁ NOVE ANOS


TRIBUTO - JUSTINO CHEMANE: A CHAMA QUE SE APAGOU HÁ NOVE ANOS


O MAIOR maestro de todos os tempos na história de Moçambique, o maestro Justino Chemane, deixou de connosco partilhar o génio que ele era há nove anos, completos sábado, 19 de Janeiro.

Chemane foi o compositor do primeiro hino nacional “Viva, Viva a Frelimo”, que vigorou durante 27 anos, participou também na elaboração do mais recente, “Pátria Amada” e na criação do hino da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Justino Chemane foi autor de mais de 150 canções gravadas e difundidas pela Rádio Moçambique (RM), maior parte das quais registadas em fita magnética versando sobre temáticas relevantes nos domínios da educação cívica, política e histórico-cultural.  
Na altura da sua morte o maestro encontrava-se a recuperar de uma fractura no pé esquerdo depois de ter ficado hospitalizado durante cerca de dois meses, após um atropelamento por uma viatura de transporte semi-colectivo de passageiros na cidade de Maputo.
Elevado ao estatuto de Herói Nacional, os seus restos mortais foram depositados na cripta consagrada aos heróis moçambicanos, em Maputo.
As suas canções sempre foram um instrumento importante na exortação para os moçambicanos se erguerem com orgulho e cumprirem as tarefas que se impõem ao seu desenvolvimento, e para que, unidos, escutando a voz dos seus heróis, que por si deram as suas vidas, levantassem bem alto o seu país, empenhando-se nas tarefas que sublinhavam o facto de os donos de Moçambique serem os próprios moçambicanos.
O seu nome foi atribuído a uma das ruas na capital moçambicana, após aprovação de uma proposta apresentada nesse sentido pelo Conselho Municipal da Cidade de Maputo.
Com efeito, o programa “Fio da Memória”, produzido por João de Sousa e Carlos Silva e transmitido todos os domingos na Antena Nacional da RM, a partir das 20:00 horas prestou no domingo uma singela homenagem ao maestro-mor.  
Homem que se recusou a viver no anonimato

“Justino hoje dia 15 de Outubro é um grande dia para ti, para a tua família e para todos. Dia grande porque celebras neste 15 de Outubro o teu 80º aniversário natalício. Há oitenta anos, no ano de 1923, portanto, Chidenguele, província de Gaza, testemunhou o nascimento de um menino que se recusou a viver no anonimato, que se recusou a ser mais uma estatística”. Estas foram as palavras pronunciadas pelo então Presidente da Republica de Moçambique, Joaquim Chissano, em 2003, por ocasião do octogésimo aniversário do maestro. 
Passados pouco mais de dois meses, Joaquim Chissano, voltou a destacar as qualidades do maestro Chemane, mas daquela vez como numa homenagem póstuma, quando o corpo de Justino Chemane foi conduzido à última morada, a Praça dos Heróis Moçambicanos. 
Caracterizado como “um autodidacta, e com espírito de sempre melhor e mais fazer, que gravou a sua primeira canção lá no longínquo ano de 1940. Mais obras vieram para construir o teu riquíssimo palmarés de que todos nós nos podemos orgulhar, em que todos nós podemos nos inspirar. Através do canto, através de temáticas de intervenção social quiseste dar a tua contribuição, para a educação cívica e moral dos cidadãos para o reforço da consciência de trabalho colectivo, e da complementaridade entre membros de uma colectividade.


Inspirador de grandes nomes
Há quem diga que Justino Chemane teve influências do maestro Daniel Marivate, tido como um dos mestres do canto coral. Contudo, importa frisar que Justino Chemane como maestro trouxe para o canto coral moçambicano um estilo próprio e único, que vai do clássico ao tradicional, passando pelo moderno.
Justino Chemane não só se destacou como maestro, mas também contribuiu para o aparecimento de grandes nomes da música moçambicana, como são os casos de Amélia Moyana, Arão Litsuri, Hortêncio Langa, Cândida Mata, Gonzana, as belas vozes da Companhia Nacional de Canto e Dança, os grupos que formou na Igreja Presbiteriana e fora dela, até o grupo de canto coral Majescoral, tido como um dos melhores da actualidade. 

Maputo, Quarta-Feira, 23 de Janeiro de 2013:: Notícias
  

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